Em um cenário cujo espaço de poder potencializa o enunciado, ensinar a ver além do que os olhos enxergam, ter a formação integral dos sujeitos como cerne da proposta pedagógica, valorizar os letramentos situados, integrar os textos impressos e digitais, desenvolver práxis (inter)ativa... são trilhas que propiciam uma educação libertadora, emancipatória e de qualidade social.
quinta-feira, 3 de dezembro de 2015
Concurso de Contadores de História
Ganhadores do Concurso de Contadores de História, intitulado de:
Viajando no Mundo Encantado das Histórias, realizado em 26/11/2015, na
Escola Municipal Lourival Custódio - Monte Santo/BA.
domingo, 18 de outubro de 2015
O Cravo encontrou a Rosa
O CRAVO ENCONTROU A
ROSA
O CRAVO ENCONTROU A ROSA
DEBAIXO DE UMA SACADA
O CRAVO FICOU ALEGRE
E A ROSA APAIXONADA
O CRAVO FICOU FELIZ
E A ROSA COMEÇOU A DANÇAR
O CRAVO DEU UM SORRISO
E A ROSA FOI LHE ABRAÇAR.
A ROSA FEZ SERENATA
O CRAVO FOI SE ARRUMAR
AS FLORES FIZERAM O ANÚNCIO...
O CRAVO E A ROSA VÃO
SE CASAR. (Sidmar Oliveira)O Bicho
O BICHO
VI ONTEM UM BICHO
NA IMUNDICE DO PÁTIO
CATANDO COMIDA ENTRE OS DETRITOS.
NA IMUNDICE DO PÁTIO
CATANDO COMIDA ENTRE OS DETRITOS.
QUANDO ACHAVA ALGUMA COISA,
NÃO EXAMINAVA NEM CHEIRAVA:
ENGOLIA COM VORACIDADE.
NÃO EXAMINAVA NEM CHEIRAVA:
ENGOLIA COM VORACIDADE.
O BICHO NÃO ERA UM CÃO,
NÃO ERA UM GATO,
NÃO ERA UM RATO.
NÃO ERA UM GATO,
NÃO ERA UM RATO.
O BICHO, MEU DEUS, ERA UM HOMEM.
Manuel Bandeira, Rio, 27 de dezembro de 1947.
quinta-feira, 8 de outubro de 2015
segunda-feira, 5 de outubro de 2015
domingo, 4 de outubro de 2015
O preá e o licuri
O PREÁ E O LICURI
MORTO
DE FOME, UM PREÁ FOI ATÉ UM LICURIZEIRO SABENDO QUE IA ENCONTRAR MUITOS LICURIS
MADUROS. A SAFRA TINHA SIDO EXCELENTE. AO VER O LICURIZEIRO CARREGADO DE CACHOS
ENORMES, O PREÁ LAMBEU OS BEIÇOS. SÓ QUE SUA ALEGRIA DUROU POUCO: POR MAIS QUE
TENTASSE, NÃO CONSEGUIA ALCANÇAR OS LICURIS. POR FIM, CANSADO DE TANTOS
ESFORÇOS INÚTEIS, RESOLVEU IR EMBORA, DIZENDO:
_
POR MIM, QUEM QUISER ESSES LICURIS PODE LEVAR. ESTÃO VERDES E AZEDOS. NÃO ME
SERVEM. SE ALGUÉM ME DESSE ESSES LICURIS EU NÃO COMERIA.
Texto produzido conjuntamente com as crianças do3º
ano/2014, baseando-se na fábula (A raposa e as uvas)
O homem que não sabia ler
O homem que não sabia ler
Um menino andando na rua encontrou um homem
sentado na calçada. O menino ia da escola para casa. O homem descansava depois
de um dia duro de trabalho. - Moço, que horas são? – perguntou o menino. O
homem disse que não tinha relógio e, para falar a verdade, nem sabia ver as
horas. O menino não entendeu. O homem explicou: - Não sei para que servia
aquele ponteirão e aquele ponteirinho. Eles giram, giram e giram, mas não
consigo entender direito como coisa funciona. - Mas é tão fácil! – espantou-se
o menino. O ponteirinho marca as horas e o ponteirão marca os minutos. Por
exemplo: se o ponteirinho está no dez e o ponteirão está no cinco, isso quer
dizer que são 10 horas e 25 minutos. O sujeito balançou os ombros. - Mas qual é
o dez e qual é o cinco? Não sei ler os números. O homem tinha idade para ser
pai do menino. - O senhor não conhece os números? - Nem os números, nem as
letras. - O senhor não sabe ler? - Nem ler, nem escrever. O menino espiou
aquela pessoa sentada na calçada. - às vezes na rua, - disse o homem – olhando
as letras dos cartazes, eu pergunto: o que será que elas dizem? Outras vezes,
na banca, fico admirando as revistas, os jornais… queria tanto poder ler as
notícias, entender o que se passa no mundo, ler os letreiros dos ônibus e saber
onde eles vão… O homem suspirou. - Queria tanto ir para baixo de uma árvore,
abrir um livro e ler uma história… Um automóvel entrou na curva soltando uma
fumaça preta. - Eu não sou daqui – continuou o sujeito. Minha cidade fica
depois da serra, pegando a estrada, passando a outra serra e depois a outra, lá
longe, perto do mar. E seus olhos brilhavam tristes. - Às vezes, fico me
lembrando de casa, de minha mãe, meu pai, meus irmãos… O menino procurou um
lugar para sentar. - Você sabe escrever? – quis saber o homem. - Já sou quase
da terceira série. O outro sorriu: - Tenho uma noiva lá na minha terra. Ela é
uma princesa. A coisa mais linda do mundo. Um dia a gente vai se casar…
Examinou o menino: - Escreve uma carta pra mim? Dizendo sim com a cabeça, o
menino tirou um caderno e uma caneta esferográfica do fundo da mochila. O homem
foi falando. O vento soprava morno. O homem contou que a cidade era grande.
Contou que estava sozinho. Contou que sentia medo. Contou que quase tinha
juntado um dinheirinho, que estava morto de saudade e que no final do ano, se
Deus ajudasse, pegava o ônibus e voltava para casa. O menino escreveu tudo com
letra caprichada, dobrou o papel e entregou ao homem. A Lua havia surgido sem
ninguém perceber. O menino precisava ir embora. O homem apertou a mão do menino
e o garoto foi embora.
O macaco, a onça e o boi
O MACACO, A ONÇA E O
BOI.
Esta é uma história do tempo em que os
bichos falavam.
A onça tinha uma lavoura, mas pouco cuidava
dela. Daí que cresceu todo tipo de mato. O que mais cresceu foi urtigão. Cada
urtigão tenebroso.
Um dia a onça resolveu capinar aquele mato
todo. Mas em cinco minutos não parava de se coçar. Era o urtigão.
- Assim não dá - a onça pensou. - Preciso
pagar alguém pra capinar pra mim. Não, pagar não. Vou é enganar alguém.
Então a onça chamou o papagaio e disse:
- Anuncie pra todo mundo: quem capinar minha
lavoura, ganha um boi. Só tem uma condição: não pode se coçar enquanto capina.
No mesmo dia apareceram uns candidatos. O
tamanduá capinou um pouco, mas se coçou. Teve de desistir. A capivara capinou
um pouco, mas se coçou. Teve de desistir. O tatu capinou um pouco, mas se
coçou. Teve de desistir.
A onça estava cada vez mais alegre. Mais uns
trinta candidatos, e a lavoura seria capinada sem que ninguém ganhasse o boi.
Bastava a onça fazer o finzinho do serviço.
Então se apresentou o macaco.
- Veio capinar, compadre macaco?
- Não. Vim avisar que o capataz da sua
fazenda lá do sul quer falar com a senhora, comadre.
- Já vou lá, compadre macaco.
- Mas o que eu ganho, comadre onça, se eu
capinar sua lavoura?
- Ganha um boi. Mas tem uma condição: não
pode se coçar.
- Eu topo, comadre.
- Combinado. Enquanto eu estiver com o
capataz, meu filho fica vigiando você.
Assim foi feito.
O macaco, assobiando, pegou a enxada e se pôs
a capinar os urtigões. Em seguida estava louco para se coçar. Mas o filhote da
onça não tirava os olhos dele. Daí o macaco puxou conversa:
- Como é esse boi que a comadre onça vai me
dar? É malhado?
- É malhado - o filhote disse.
- Ele tem uma mancha aqui? - o macaco
perguntou se coçando na barriga.
- Não.
- E aqui? - o macaco perguntou se coçando
numa perna.
- Tem.
O macaco continuou com seu jogo. Capinava um
pouco e aí perguntava para o filhote: o boi tem mancha aqui? E coçava o sovaco.
Tem aqui? E coçava as costas. Tem mancha aqui? E coçava a cabeça. E coçava as
bochechas. E coçava o joelho. E coçava a barriga.
Lá pelas tantas, o filhote disse:
- A barriga, você já perguntou.
- Já? Tinha esquecido. E aqui, o boi tem
mancha? - o macaco perguntou coçando a bunda.
- Tem.
- E é uma mancha grande ou pequenininha?
- Grande.
- Grande como? Grande assim? - o macaco disse
coçando os dois lados. - Ou grande só deste lado? Ou deste outro?
Quando a onça voltou, o macaco
tinha capinado toda a lavoura. A onça, muito
desconfiada, disse:
- Olha, compadre, o capataz disse que não
tinha mandado recado nenhum por você.
- Não?! - o macaco fingiu uma surpresa do
tamanho da boca da onça. - Será que eu me enganei, comadre? Então era o capataz
do lobo-guará. A senhora me desculpe, mas ando muito esquecido, muito, muito
esquecido. De qualquer forma, terminei o serviço e quero meu boi.
A onça se virou para o filho:
- O macaco se coçou?
- Não.
- Tem certeza?
- Tenho.
A onça teve de entregar o boi para o macaco.
Mas antes, disse:
- Olha, compadre, você só pode matar o boi
onde não cantar nem galo nem galinha e onde não houver nem mosca nem mosquito.
Senão eu quero o boi de volta.
O macaco se foi. Queria logo carnear o boi,
mas sempre tinha um galo ou uma galinha cantando. Andou, andou, andou, mas
sempre tinha um galo ou uma galinha. Teve de ir muito longe pra não ouvir nem
galo nem galinha. Depois, teve de ir mais longe ainda para se livrar das moscas
e dos mosquitos.
Mas, quando finalmente carneou o boi, a onça
apareceu.
- Olá, compadre macaco. Tenho andado muito,
estou morta de fome. Pode me ceder um pedaço do boi?
O macaco deu. A onça comeu tudo em duas
bocadas.
- Ainda estou morta de fome. Pode me ceder
outro pedaço?
O macaco olhou para o sol e disse:
- Que horas são?
- Sei lá, compadre. Umas quatro da tarde.
O macaco começou a cortar um monte de cipós numa
pressa danada. Depois amarrou o resto do boi numa árvore e disse:
- Me faz um favor, comadre? Me amarre bem
forte nesta árvore aqui.
- O quê, compadre? Ficou maluco?
- Ligeiro, que está na hora. Me disseram que
vem uma tremenda ventania, comadre. Uma ventania tão forte que vai levar tudo
voando.
- Epa! - a onça disse. - O senhor é quem vai
me amarrar.
- Mas e se o vento me pega?
- Pega nada, compadre. Você é rápido. Vamos
de uma vez.
Um ventinho de nada mexeu as folhas das
árvores, e a onça deu um berro:
- Ligeiro! Ali, compadre, naquela árvore bem
grossa.
O macaco obedeceu.
- Agora sim estou segura - a onça suspirou.
- É, comadre. Agora eu também estou seguro.
Calmamente o macaco voltou para seu boi.
- Desgraçado, você me enganou - a onça urrou.
- Vamos, me solte!
- Não solto.
Ia passando uma paca. A onça disse para ela:
- Me solte.
Mas a paca não soltou.
Ia passando um veado. A onça disse para ele:
- Me solte.
Mas ele não soltou.
Passaram muitos bichos. Mas nenhum se atreveu
a soltar a onça. A onça continuou amarrada até os cipós apodrecerem. Mas então
o macaco já andava muito longe dali.
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