PROJETO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO - 2018
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1. TEMA
Ler e escrever:
habilidades que a criança precisa aprender
2. APRESENTAÇÃO
Alfabetizar é
uma tarefa que exige criatividade, planejamento e compromisso do professor. Unindo
isso à dedicação do estudante, certamente haverá sucesso. Então, além de ser
comprometido com a tarefa de alfabetizar, o professor precisa trabalhar com as
temáticas que circundam a vida dos estudantes, desafiando e estimulando-os a
busca do conhecimento. Pensando nisso, o presente projeto intitulado de Ler e escrever: habilidades que a criança
precisa aprender, propõe atividades de leitura e de escrita no contexto da
realidade dos estudantes, valorizando o conhecimento prévio e privilegiando
criatividade dos discentes.
É claro que este projeto não será o único
instrumento didático-pedagógico utilizado pelo professor a fim de instruir os
estudantes a ler e a escrever. Significa que será incorporado ao plano de
unidade de cada série/ano, se configurando como uma estratégia a mais para
fomentar a prática da leitura e da escrita na escola. Portanto, o presente
projeto prevê a extensão do trabalho com leitura e produção textual em todas as
turmas dos Anos Iniciais, vislumbrando o tratamento didático-pedagógico de
temas relacionados ao dia-a-dia dos aprendizes, e também as obras literárias
disponíveis na escola.
3. JUSTIFICATIVA
Concebendo o
domínio da leitura e a escrita indispensáveis à comunicação entre as pessoas,
tanto no meio escolar, como fora dele, este projeto nasce da necessidade de atenuar
as dificuldades de leitura, compreensão e escrita dos alunos Escola Municipal
Lourival Custódio, cujos níveis de proficiência em leitura e escrita se
encontram distantes do almejado pelos órgãos educacionais do país. Com efeito, a
interdisciplinaridade precisa prevalecer durante as estratégias de ensino e o
professor precisa incentivar a escrita do jeito da criança e fazer as
orientações precisas para que, aos poucos, a crianças vá adquirindo domínio do
Sistema de Escrita Alfabética e das regras ortográficas, afinal de contas, o
projeto foi elaborado com o intento de oferecer aos alunos, momentos
sistemáticos destinados ao ato de ler e escrever com autonomia.
4. OBJETIVOS
4.1 Objetivo geral
Ø Instruir os alunos à prática da leitura e escrita,
de modo a valorizarem a leitura como fonte de informação e a escrita para atender
as exigências escolares e as demandas sociais.
4.2. Objetivos específicos
Ø Estimular a leitura e a escrita através de temáticas
locais;
Ø Ler e construir textos com a ajuda de escriba;
Ø Construir textos a partir de imagens/figuras;
Ø Propiciar o contato com obras literárias, contos,
fábulas, cartas, bilhetes...;
Ø Despertar o hábito da leitura, como forma de
diversão e aprendizado;
Ø Valer-se dos temas do cotidiano parta produzir
textos.
5. REFERENCIAL TEÓRICO
Desde o início
da civilização, o ser humano busca estratégias que facilite a vida em
sociedade. Tais estratégias abrangem a produção de ferramentas e
aperfeiçoamento das moradias etc. O mesmo aconteceu com a escrita. Foi a partir
das pinturas em pedras/cavernas que a escrita foi sendo aperfeiçoada até chegar
ao que conhecemos hoje, a escrita alfabética que é indispensável à comunicação
do ser humano em todo o mundo. Por isso, a alfabetização é uma etapa da
educação básica na qual a escola precisa dar ênfase, de modo que a criança
construa uma base sólida e siga os estudos com autonomia.
A alfabetização
tem sido muito discutida por diversos segmentos da sociedade, já que ao mesmo tempo
em que a necessidade em alfabetizar aumenta, as dificuldades crescem, seja por
desinteresse dos estudantes, seja por falta de regras/respeito dos alunos para
com os professores, seja por falta de acompanhamento familiar ou porque a
escola vem concorrendo com aparelhos tecnológicos mais atrativos às crianças (celular,
tablete, redes sociais e outros). Assim, o trabalho dos professores tem
aumentado bastante, afinal, não basta somente dar aula. É preciso que o docente
seja flexível, criativo, responsável, acredite no potencial dos alunos e
registre sua prática a fim de aperfeiçoar os aspectos que apresentam falhas.
Logo, a reflexão da prática docente se torna primordial, pois “é pensando
criticamente a prática de hoje ou de ontem que se pode melhorar a próxima
prática” (FREIRE, 1996, p. 39).
É importante
dizer que alfabetizar não se resume apenas em ensinar a codificar e decodificar
as letras. Então, é válido recorrer ao manual do Pacto Nacional pela
Alfabetização na Idade Certa (2012), que afirma que uma pessoa para ser considerada
alfabetizada, precisa:
Ser capaz
de interagir por meio de textos escritos em diferentes situações. Significa ler
e produzir textos para atender a diferentes propósitos. A criança alfabetizada
compreende o sistema alfabético de escrita, sendo capaz de ler e escrever, com
autonomia, textos de circulação social que tratem de temáticas familiares ao
aprendiz (MANUAL DO PACTO, p.17).
Nessa direção, para
que a criança esteja alfabetizada, é preciso que saiba ler com fluência, interprete
e produza textos não só para responder a questionamentos escolares, que muitas
vezes não têm sentido para a criança, mas para atender as demandas do meio em
que vive. Para Soares (2013), saber fazer o uso da leitura e da escrita é o
principal, pois,
Não
basta simplesmente “saber ler e escrever”: dos indivíduos já se requer não
apenas que dominem a tecnologia do ler e do escrever, mas também que saibam
fazer o uso dela, incorporando-a a seu viver, transformando-se assim seu
“estado” ou “condição”, como consequência do domínio dessa tecnologia (SOARES,
2013, p. 29).
Vê-se então, que
além de ensinar a dominar as letras, é preciso que o alfabetizador
instrumentalize as crianças a conhecer e dominar o Sistema de Escrita
Alfabética, e assim, ser considerada uma pessoa letrada na sociedade atual.
Sendo assim, na
prática docente as crianças precisam ser auxiliadas a ler e produzir textos de
circulação social. Essa construção poderá ser coletivamente, em duplas, grupos,
mas tendo o professor como escriba, afinal, é ele o responsável por
sistematizar o ensino em sala de aula. De acordo os Parâmetros Curriculares
Nacionais de Língua Portuguesa, (BRASIL, 1997) a alfabetização se realiza
quando ha informação necessária e momentos de reflexão sobre o sistema de escrita.
Isso evidencia que as aulas/atividades precisam levar as crianças a refletir a
escrita e sua função, de modo que os “erros” sirvam para nortear o planejamento
do alfabetizador, e não com forma de punir uma ou outra criança que ainda não
desenvolveu as habilidades necessárias para ser considerada alfabetizada.
Para os adultos
alfabetizados, a aquisição da escrita parece ser uma tarefa fácil, já que ao
dominar a sequência das letras, sua nomeação e seu traçado, bastaria apenas
conhecer o som delas ao unir com outra para formar a sílaba e posteriormente
produzir palavras e frases. Contudo, esse pressuposto é falso, pois a escrita
não é somente um código, mas sim um sistema notacional/simbólico no qual, sua
aprendizagem vai requerer um aprendiz que reconstrua as relações entre as
representações fonológicas e ortográficas. Esta é uma tarefa complexa e que
exige um trabalho sistêmico e de reflexão, pois em muitos dos casos fala-se de
um modo e grafa-se de outro. Por exemplo, fala-se MADERA e escreve madeira.
Para Ferreiro
(1987) “o desenvolvimento da alfabetização ocorre, sem dúvida em um ambiente
social. Mas as práticas sociais, assim como as informações sociais, não são
recebidas passivamente pelas crianças” ao passo que, “quando tentam
compreender, elas necessariamente transformam o conteúdo recebido” (FERREIRO,
1987, p. 24). Assim, a criança que participa e interage durante as aulas,
certamente irá aprender com mais facilidade.
Como prevê a Lei
9.394/96, a educação é um direito dos brasileiros, de forma que os Anos
Iniciais é o alicerce da educação e é uma das etapas da Educação Básica, cuja o
objetivo é “desenvolver o educando, assegurar-lhe a formação comum
indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para progredir
no trabalho e em estudos posteriores” (BRASIL, Art. 22). Certamente este
projeto não consiga atingir esse grandioso objetivo, mas é um pontapé para que
os alunos sejam auxiliados constantemente a ler e produzir textos.
Se promover a
inclusão e a transformação social das pessoas é uma tarefa da escola, cabe ao
professor buscar parceria com a Gestão Escolar, coordenação, famílias e outros
a fim de oferecer uma educação de qualidade. Quando isso não acontece, a
formação da criança passa a ser manca e é mais pessoas despreparada e até
“marginais” colocados na sociedade, que a escola não conseguiu transformá-los
em cidadãos críticos e reflexivos.
Em Brasil (1997)
espera-se que ao final da alfabetização, as crianças adquiram competência em
relação à linguagem que lhes possibilite resolver problemas da vida cotidiana e
alcançar a participação plena no mundo letrado. Assim, “compreender os textos
orais e escritos com os quais se defrontam em diferentes situações de
participação social, interpretando-os corretamente e inferindo as intenções de
quem os produz” (BRASIL, 1997, p. 33), é um dos objetivos a serem alcançados no
processo de alfabetização. Nessa fase, o professor é primordial no sentido de
instrumentalizar as crianças a adentrarem no mundo da leitura e escrita, sobretudo
nos casos em que as crianças são oriundas de comunidades pouco letradas, pois,
geralmente não vêm os adultos ler ou escrever e com isso a criançada, tem
apenas o professor como alguém a ajudar e seguir. Portanto,
O professor também terá outro
papel fundamental: o de modelo. Além de ser aquele que ensina os conteúdos, é
alguém que pode ensinar o valor que a língua tem, demonstrando o valor que tem
para si. Se é um usuário da escrita de fato, se tem boa e prazerosa relação com
a leitura, se gosta verdadeiramente de escrever, funcionará como um excelente
modelo para seus alunos (BRASIL, 1997, p. 38).
Em suma, é
preciso que o professor seja pesquisador e busque ensinar as crianças a
escrever e ler com compreensão. Pois, “se ensinarmos um aluno a ler compreensivamente
e a aprender a partir da leitura, estamos fazendo com que ele aprenda a
aprender, isto é, com que ele possa aprender de forma autônoma em uma
multiplicidade de situações” (SOLÉ, 1998, p. 47). Isso significa que as
atividades de escrita e leitura precisam partir do conhecimento de mundo que as
crianças têm de seu dia-a-dia. Pensando assim, este projeto intitulado de ‘Ler e escrever: habilidades que a criança
precisa aprender’, visa unir as situações teóricas, aprendidas na faculdade
e na formação continuada, com atividades práticas, já que ambas precisam andar
em sintonia. Por isso que “a reflexão crítica sobre a prática se torna um
exigência da relação Teoria/Prática sem a qual a teoria pode ir virando blá-blá-blá
e a prática, ativismo” (FREIRE, 1996, p. 22). Por conseguinte, este projeto não
é uma receita que vai resolver todas as situações de dificuldades de
aprendizagem no âmbito da leitura, escrita e produção textual na escola ora
citada, mas é um caminho que o professor deve seguir para contribuir para a
alfabetização e letramento das crianças.
6. METODOLOGIA
Lidar com
crianças é uma experiência enriquecedora, uma vez que elas têm muita sabedoria
e por isso há uma troca de saberes na sala de aula. Em decorrência disso, antes
de qualquer ação pedagógica, o professor precisa diagnosticar o que as crianças
já sabem, para, a partir daí, preparar seu trabalho de interventor/mediador do
saber. Ocorre que o desenvolvimento deste projeto se dará numa abordagem
construtivista, oportunizando a criança a chance de construir sua aprendizagem
através da leitura e da escrita de temáticas que circundam o seu meio social, e
a partir das obras literárias disponíveis na escola. Será trabalhado numa
perspectiva dialógica, na qual os alunos se sintam seguros em participar,
interagir e aprender a ler e escrever de acordo suas potencialidades.
Nesse sentido,
algumas indagações precisam ser respondidas pelo professor e alunos em sala de
aula: para que serve a leitura e a escrita? Para quê, lemos e escrevemos na
escola? Quais as vantagens de uma pessoa que sabe ler e escrever corretamente?
O que a leitura e a escrita nos proporciona? Como é a vida de um adulto que não
sabe ler e nem escrever? Essas e outras indagações precisam ser refletidas em sala
de aula, e a partir delas, o professor poderá, quinzenalmente –
preferencialmente na segunda-feira –, dedicar o primeiro horário da aula para
trabalhar atividades de leitura, interpretação e produção textual.
Ao discutir com as crianças o gênero textual a
ser trabalhado, o professor deverá explicar as principais características do
gênero, e a depender da turma, apresentar aos aprendizes o esqueleto/esboço do
gênero textual a ser produzido. Nesse momento, as obras literárias existentes no
‘cantinho de leitura’ precisam ser
exploradas, afinal de contas, as crianças poderão se “espelhar” em uma obra
literária para produzir sua escrita. O/a professor/a poderá utilizar o
Datashow, cartazes, jogos, imagens, aulas de campo, textos fatiados, bingos,
caça ao tesouro, quadro branco e outros recursos para desenvolver a aula de
modo dinâmico e propício à aprendizagem.
No momento da
produção textual – individual ou em dupla –, o professor, além de interventor
do saber, será um escriba, isto é, ajudará as crianças na escrita dos textos.
Ao final será o momento de socialização das produções – poderá usar a caixa de som –, isto é, ler o texto escrito para os
colegas e na sala de aula, eleger os três mais adequados a gênero textual
escrito para serem expostos num mural,
no interior da escola. Os demais textos
devem ser recolhidos pelo professor, a fim de que analise os principais “erros”
e trabalhe-os em sala de aula, sem que o aluno perceba que está sendo corrigido.
Afora isso, o professor deve montar um portfólio, para ao final de cada unidade
entregar aos alunos e/ou pais.
Essa estratégia
pode perdurar ao longo do ano, mas o alfabetizador poderá explorar a produção
de textos escritos através de imagens, sonhos, textos fatiados, objetos e até
mesmo, tomar um texto como base e modificar os personagens e/ou cenário. Ademais,
a carta e o bilhete precisam ser trabalhados, pois são gêneros textuais
presentes no cotidiano dos alunos.
Os textos
expostos no mural, ao final da quinzena, quando serão substituídos por novos
textos, serão recolhidos e arquivados numa pasta na Unidade Escolar e em caso
de aceitação do professor e do autor, o texto poderá ser publicado na página da
escola, na rede social facebook.
Em suma, o
presente projeto não é uma receita pronta e acabada, mas é uma estratégia que
os alfabetizadores da Escola Municipal Lourival Custódio precisam abraçar neste
ano letivo de 2018. Significa que do 1º ao 5º ano todos os professores,
simultaneamente estarão imbuídos e envolvidos com o projeto. Convém frisar que
nas turmas do 1º Ciclo da Alfabetização
(1º, 2º e 3º), no início do ano letivo, até pela dificuldade em escrever, pode
haver a produção de textos de modo coletivo, seguido de ilustração, mas, é
preciso incrementar gradativamente a
produção individual e/ou em dupla.
7. PÚBLICO ALVO e DURAÇÃO DO
PROJETO
Este projeto foi elaborado a fim de contemplar as
crianças que estudam os Anos Iniciais do Ensino Fundamental (1º ao 5º ano) e
deve ser trabalhado durante todo ano letivo de 2018. É claro que em cada turma
terá uma estratégia metodológica diferenciada, afinal, nem todas as crianças se
encontram no mesmo nível de leitura e escrita.
8. RECURSOS
Quadro branco, livros de recorte, papeis diversos,
obras literárias, caixa de som, material escolar, impressora, computador,
internet, mural, Datashow, livros didáticos e outros.
9. PALAVRAS FINAIS
Frente aos
estudos feitos acerca da alfabetização e da realidade em que as crianças da
Escola Municipal Lourival Custódio vivenciam, espera-se que ao final do ano
letivo de 2018, os professores notem avanços por parte dos alunos no que
concerne a leitura e escrita e que esse projeto, possa ser adequado e
sequenciado nos anos vindouros e também ser considerado uma experiência exitosa
no campo da alfabetização em nossa escola. Assim, aqui não há mais espaço para
citações de pesquisadores, mas sim, é o momento de “finalizar” o projeto do
ponto de vista teórico, “arregaçar as mangas” e começar a executá-lo.
Mãos à obra!
10. AVALIAÇÃO
Será observado e registrado a participação, envolvimento,
interesse, assiduidade, avanços e dificuldades na realização das atividades
propostas durante a aplicação do projeto.
11. REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei
de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília: MEC, 1996.
_______. On-line.
Parâmetros Curriculares Nacionais:
língua portuguesa/Secretaria de Educação Fundamental – Brasília: 1997.
FREIRE,
Paulo. Pedagogia da Autonomia:
saberes necessários à prática educativa- São Paulo: Paz e Terra, 1996.
FERREIRO,
Emilia. Alfabetização em Processo.
3. ed. São Paulo: Cortez, 1987.
Manual do Pacto, disponível em:
<http://pacto.mec.gov.br/images/pdf/pacto_livreto.pdf> Acesso em 24 de
outubro de 2015.
SOARES,
Magda. Alfabetização e Letramento. 6. ed. 5ª reimpressão. – São Paulo:
Contexto, 2013.
SOLÉ,
Isabel. Estratégias de Leitura. 6.
ed. Porto Alegre: Artmed, 1998.