terça-feira, 5 de maio de 2020

E DEPOIS?



E DEPOIS?
Por Sidmar da Silva Oliveira
As mudanças culturais, sociais e tecnológicas vêm transformando a educação. Muitos aspectos educacionais sofrem ressignificações a cada ano, mas a forma verticalizada de fazer educação e, sobretudo, de apontar os culpados pelos problemas continuam os mesmos; há críticas vazias e argumentos que já estão sob rasura. Na prática, a educação é resultado da ação dialógica de atores, não é um software que você adquire e aplica.
Há diversas questões que influenciam no (in)sucesso educacional. Como apregoa as Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica, “as políticas educacionais só surtirão efeito se articuladas a outras políticas públicas no campo da saúde, habitação, emprego, dentre outros, porque essas políticas dependem umas das outras, pelo estreito relacionamento que mantêm entre si” (BRASIL, 2013, p. 107). É muita complexidade para análises ou apontamentos desprovidos de argumentos concretos. 
Analisando por este prisma, o ensino remoto - mesmo provisório - se configura como uma forma precária de fazer educação em um Estado marcado por desigualdades socioeconômicas. Não é ser contrário as diversas formas de ensino que vem sendo adotadas neste período de isolamento social devido a Covid-19; é pensar na educação como direito de todos, não apenas de um grupo - aquele que dispõe de instrumentos tecnológicos e acesso à internet.
Quando baixar a poeira levantada por essa pandemia, muitas questões, no âmbito da educação, precisam ser repensadas e EFETIVADAS: políticas de geração de emprego e renda, democratização do acesso à internet, infraestrutura das escolas e formação docente para o uso das tecnologias da Informação e Comunicação com fins pedagógicos e valorização dos professores, dentre outros aspectos de menor dimensão, mas de grande importância para o sucesso educacional, por conseguinte, para a sociedade.
O que não pode continuar – sob risco de piorar o que já apresentava problemas – é a forma de conceber e fazer educação: apontar o culpado para um problema que é de todos. Se continuarmos sem ouvir os atores educacionais, sem considerar a diversidade social, cultural e linguística que permeia cada região, sem o abraço coletivo e o efetivo compromisso de todos os responsáveis pela educação, não estaremos tirar ensinamentos deste período caótico que marcará a virada do século.

REFERÊNCIA
BRASIL. Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica. Brasília: MEC/SEB, 2013.