E
DEPOIS?
Por Sidmar da Silva Oliveira
As
mudanças culturais, sociais e tecnológicas vêm transformando a educação. Muitos
aspectos educacionais sofrem ressignificações a cada ano, mas a forma verticalizada
de fazer educação e, sobretudo, de apontar os culpados pelos problemas continuam
os mesmos; há críticas vazias e argumentos que já estão sob rasura. Na prática,
a educação é resultado da ação dialógica de atores, não é um software que você
adquire e aplica.
Há
diversas questões que influenciam no (in)sucesso educacional. Como apregoa as
Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica, “as políticas
educacionais só surtirão efeito se articuladas a outras políticas públicas no
campo da saúde, habitação, emprego, dentre outros, porque essas políticas
dependem umas das outras, pelo estreito relacionamento que mantêm entre si”
(BRASIL, 2013, p. 107). É muita complexidade para análises ou apontamentos
desprovidos de argumentos concretos.
Analisando
por este prisma, o ensino remoto - mesmo provisório - se configura como uma
forma precária de fazer educação em um Estado marcado por desigualdades
socioeconômicas. Não é ser contrário as diversas formas de ensino que vem sendo
adotadas neste período de isolamento social devido a Covid-19; é pensar na
educação como direito de todos, não apenas de um grupo - aquele que dispõe de
instrumentos tecnológicos e acesso à internet.
Quando
baixar a poeira levantada por essa pandemia, muitas questões, no âmbito da
educação, precisam ser repensadas e EFETIVADAS: políticas de geração de emprego
e renda, democratização do acesso à internet, infraestrutura das escolas e
formação docente para o uso das tecnologias da Informação e Comunicação com
fins pedagógicos e valorização dos professores, dentre outros aspectos de menor
dimensão, mas de grande importância para o sucesso educacional, por
conseguinte, para a sociedade.
O
que não pode continuar – sob risco de piorar o que já apresentava problemas – é
a forma de conceber e fazer educação: apontar o culpado para um problema que é
de todos. Se continuarmos sem ouvir os atores educacionais, sem considerar a
diversidade social, cultural e linguística que permeia cada região, sem o
abraço coletivo e o efetivo compromisso de todos os responsáveis pela educação,
não estaremos tirar ensinamentos deste período caótico que marcará a virada do
século.
BRASIL.
Diretrizes Curriculares Nacionais da
Educação Básica. Brasília: MEC/SEB, 2013.