REFLEXÕES
SOBRE A EDUCAÇÃO
Sidmar
da Silva Oliveira[1]
A
escola é uma instituição capaz de transformar as pessoas. Para isso, além de
profissionais gabaritados e comprometidos, é essencial que o ambiente
educacional disponha de condições adequadas, higiênicas, espaciais e estéticas.
Afora isso, a comunidade escolar e local precisa ser engajada não só no que
concerne ao acompanhamento educacional, mas também no que diz respeito à
cobrança de uma instituição pública que faça valer os diversos impostos pagos,
até porque, para o corpo docente, não é tarefa fácil, “cobrar das crianças um
mínimo de respeito às carteiras escolares, à mesa, às paredes se o Poder
Público revela absoluta desconsideração à coisa pública” (FREIRE, 1996, p.
44-45).
Se
a família deve ser parceira da escola, o professor alfabetizador precisa ser
empenhado em garantir que as crianças aprendam a ler e escrever assim que
entram na escola. Para tanto, além de uma formação inicial, acadêmica e
continuada, o professor necessita ser pesquisador de sua própria prática, já
que é através das reflexões, poderá lapidar o seu fazer pedagógico, não só para
garantir o pleno desenvolvimento daqueles alunos tidos como os que “aprendem
com facilidade”, mas, sobretudo para criar novas estratégias de ensino para ensinar
àquelas crianças que apresentam “maior
dificuldade para aprender”.
Muito
se fala em professores que não sabem ensinar, infelizmente há profissionais
assim, mas quem os formou? Muito se fala em profissionais sem compromisso,
lamentavelmente, há profissionais assim, mas o Estado honra com todas as suas
incumbências? Claro que um erro não justifica outro. Então, enquanto cada um
não se colocar em seu devido lugar e procurar honrar suas obrigações, não
haverá a eficácia desejada. Assim sendo, se é preciso superar os problemas de
“ensinagem” para vencer as dificuldades de aprendizagem, é indispensável que as
Leis e os “discursos” dos governantes em períodos convenientes sejam
concretizados.
Nesta
linha de raciocínio, professores especialistas e comprometidos, parceria entre
escola, família e comunidade, gestão democrática, apoio do Poder Público e
qualificação do ambiente escolar, são trilhas que, unidas às políticas públicas
no campo da saúde, habitação, emprego, segurança e assistência social, podem
melhorar a qualidade do ensino público. Assim, a educação precisa ser
prioridade na prática e não somente em discursos e/ou em documentos.
Conforme
Brasil (2013), “a aquisição da leitura e da escrita na escola, fortemente
relacionada aos usos sociais da escrita nos ambientes familiares de onde veem
as crianças, pode demandar tempos e esforços diferenciados entre os alunos da
mesma faixa etária” (BRASIL, 2013, p. 110). Então, em vez do “sistema”
pressionar os professores por resultados quantitativos, deve refletir acerca da
qualidade e proficiência dos estudantes que estão sendo formados, até por que, uma
educação de qualidade precisa ser relevante, pertinente e equitativa:
A relevância reporta-se à
promoção de aprendizagens significativas do ponto de vista das exigências
sociais e de desenvolvimento pessoal. A pertinência refere-se à possibilidade
de atender às necessidades e às características dos estudantes de diversos
contextos sociais e culturais e com diferentes capacidades e interesses. E a
equidade, à necessidade de tratar de forma diferenciada o que se apresenta como
desigual no ponto de partida, com vistas a obter aprendizagens e
desenvolvimento equiparáveis, assegurando a todos a igualdade de direito à
educação (BRASIL, 2013, P. 107).
A
democratização e o acesso à educação é uma conquista dos brasileiros. Mas será
que a classe trabalhadora tem o mesmo tratado da elite? A disparidade é vista no
valor investido por aluno (Custo Aluno Qualidade-CAQ), onde é notória a
diferença de quase 1.000,00 a mais em investimento no estudante de São Paulo em
relação ao estudante da Bahia. Isso mostra que não só a elite é privilegiada,
como também as regiões, descumprindo assim, o princípio de colaboração entre os
entes federados.
Em
vez dessa disparidade de investimentos que só perpetua o status quo da classe trabalhadora e a qualidade só em discursos
estratégicos, os envolvidos no sistema educacional brasileiro precisam discutir
a avaliação como processo pedagógico indispensável no ceio educacional,
produzir em vez de acomodar-se pela coisa feita, aperfeiçoar as estratégias
metodológicas para ensinar, elaborar livros didáticos com maior ênfase na
região dos estudantes, garantir segurança no meio escolar e por consequência,
oferecer uma educação que contribua para dirimir as desigualdades sociais deste
país com território continental.
Em
suma, é preciso de um esforço compartilhado por toda comunidade escolar e local,
unindo com a parceria e comprometimento do Poder Público (Três Poderes), para
que os discursos e/ou Leis sejam consolidados e por consequência, haja educação
pública de qualidade.
REFERÊNCIAS
BRASIL.
Diretrizes Curriculares Nacionais da
Educação Básica. Ministério da
Educação. Secretária de Educação Básica. Brasília: MEC, SEB, DICEI, 2013.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes
necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
[1] Docente da Rede Municipal de
Ensino de Monte Santo/BA (atualmente é Gestor Escolar), Graduado em Pedagogia pela
Faculdade do Sertão Baiano-FASB e Pós-Graduado em Alfabetização e Letramento na
FASB.