sábado, 16 de julho de 2016

Família e escola: um debate interminável



Família e escola: um debate interminável
Sidmar da Silva Oliveira[1]
Pedra angular na formação das pessoas, a alfabetização tem se tornado objeto de estudo e discussões por diversos segmentos da sociedade. Nesse debate, a participação da família é considerada a espinha dorsal para o sucesso dos aprendizes no meio escolar, já que “a escola nunca educará sozinha, de modo que, a responsabilidade educacional da família jamais cessará” (REIS, 2007, p. 6). Daí a importância de família e escola formarem uma parceria sólida, pautada numa ação dialógica, que de modo compartilhado, buscam as soluções para os problemas existentes no meio escolar: desinteresse, indisciplina, estrutura escolar precária, dificuldades de aprendizagem, desrespeito e outros.
É comum a escola convocar os pais para discutir situações de indisciplina e/ou ações desagradáveis praticadas no meio escolar. “Não sei o que fazer” e “não tem jeito”, são respostas corriqueiras a essas situações.  Torna-se urgente as perguntas: Será a impunidade predominante no Brasil que tem causado tanta desordem? Como iremos solucionar a indisciplina na escola? Como a escola pode colaborar com a família a fim de construir uma sociedade mais justa? Para indagações como essas, não há resposta pronta, mas a escola e a família, unidas, parceiras e atuantes, podem atenuar muitos problemas vivenciados na atualidade e, por conseguinte, resgatar valores morais que estão sendo perdidos.
 Conforme a Constituição Federal, (1988, Art. 226), “a família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado”, enquanto que o Art. 19, da Lei 8.069/90 assegura que “toda criança ou adolescente tem direito de ser criado e educado no seio de sua família e excepcionalmente, em família substituta, assegurada a convivência familiar e comunitária, em ambiente livre da presença de pessoas dependentes de entorpecentes”. No momento histórico em que nos encontramos, as configurações familiares são as mais variadas, posto que há crianças morando com avós, tios, pais adotivos... ainda que a maioria maciça, more com os próprios pais.
É claro que a parceria entre escola e família, além de ser pela busca do sucesso no processo de alfabetização é, sobretudo, pela busca de encontrar novas trilhas para a formação de valores, uma vez que muitos destes vêm sendo abalados pela sociedade das informações, das redes sociais, da tecnologia, da ousadia, da criminalidade e do capitalismo. Assim, a parceria com a família é para colaborar com a formação de valores morais dos sujeitos, como consequência, favorecer a construção sistemática dos conteúdos, que continua sendo uma das principais responsabilidades da escola.
Nesse sentido, a escola precisa buscar a aproximação com as famílias, não só convidando-os para reuniões de pais e mestres, mas oportunizando-os: a participação na elaboração, avaliação e adequação do Projeto Político-Pedagógico-PPP; participação na Associação de Pias e Mestres-APM, sendo diretores e gerenciadores dos recursos recebidos pela escola; Participação e autonomia no Colegiado Escolar; Participação de eventos e comemorações escolares e outras. É claro que, casado com a democracia existente na escola é preciso que os pais sejam atuantes, visto que não adianta a escola propor a democracia em seu meio, e a família não se envolver com as situações educacionais.
O fato central é que a família é uma instituição social que varia dependendo do grupo social inserido e, além de primeiro contexto de formação humana, é o principal meio à educação dos sujeitos, cabendo à escola, sequenciar a construção dos valores adquiridos em casa e sistematizar os conhecimentos necessários à vida em sociedade. Assim, o sucesso e o fracasso escolar, perpassam pela eficiência e precária parceria entre escola e família, respectivamente.
Empreende-se que a família precisa transmitir à criança os valores e moldes culturais do meio social em que está inserido. Já a escola, precisa garantir as condições básicas para que todos os alunos desenvolvam suas capacidades e aprendam os conteúdos necessários para a vida em sociedade, contribuindo assim, para a construção de sujeitos críticos e participativos, capazes de transformar o meio em beneficio próprio e em favor do bem coletivo. Todo esse anseio de formar cidadãos críticos e participativos, sem a participação dos pais, seja orientando, disciplinando e/ou acompanhando o andamento de seus filhos se torna um processo manco.
Finalizo, afirmando: ‘a escola não alfabetiza sem a ajuda da família e nem a família educa sem a ajuda da escola’. Logo, a união/parceria de ambas é indispensável para a formação dos aprendizes. É claro que, as discussões acerca da importância da participação da família para o sucesso escolar, não se esgotam. Aqui elas iniciam.




REFERÊNCIAS
BRASIL. Estatuto da Criança e do Adolescente: Lei nº 8.069, de 13-7-1990. Disponível em:  <http://www.crianca.mppr.mp.br/arquivos/File/publi/caopca/eca_anotado_2013_6ed.pdf>. Acesso em 26 de janeiro de 2016 – on-line.
________. Constituição da República Federativa do Brasil. Disponível em: <http://www.imprensaoficial.com.br/PortalIO/download/pdf/Constituicoes_declaracao.pdf>. Acesso em 26 de janeiro de 2016 – on-line.
REIS, Risolene Pereira. Relação família e escola: uma parceria que dá certo. In. Mundo Jovem, nº. 373. Fev. 2007, p.6.


[1] Docente da Rede Municipal de Ensino de Monte Santo/BA (atualmente é Gestor Escolar), Graduado em Pedagogia pela Faculdade do Sertão Baiano-FASB e Pós-Graduado em Alfabetização e Letramento na FASB.

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