Família e
escola: um debate interminável
Sidmar
da Silva Oliveira[1]
Pedra
angular na formação das pessoas, a alfabetização tem se tornado objeto de estudo
e discussões por diversos segmentos da sociedade. Nesse debate, a participação
da família é considerada a espinha dorsal para o sucesso dos aprendizes no meio
escolar, já que “a escola nunca educará sozinha, de modo que, a
responsabilidade educacional da família jamais cessará” (REIS, 2007, p. 6). Daí
a importância de família e escola formarem uma parceria sólida, pautada numa
ação dialógica, que de modo compartilhado, buscam as soluções para os problemas
existentes no meio escolar: desinteresse, indisciplina, estrutura escolar
precária, dificuldades de aprendizagem, desrespeito e outros.
É
comum a escola convocar os pais para discutir situações de indisciplina e/ou
ações desagradáveis praticadas no meio escolar. “Não sei o que fazer” e “não
tem jeito”, são respostas corriqueiras a essas situações. Torna-se urgente as perguntas: Será a
impunidade predominante no Brasil que tem causado tanta desordem? Como iremos
solucionar a indisciplina na escola? Como a escola pode colaborar com a família
a fim de construir uma sociedade mais justa? Para indagações como essas, não há
resposta pronta, mas a escola e a família, unidas, parceiras e atuantes, podem
atenuar muitos problemas vivenciados na atualidade e, por conseguinte, resgatar
valores morais que estão sendo perdidos.
Conforme a Constituição Federal, (1988, Art.
226), “a família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado”, enquanto
que o Art. 19, da Lei 8.069/90 assegura que “toda criança ou adolescente tem
direito de ser criado e educado no seio de sua família e excepcionalmente, em
família substituta, assegurada a convivência familiar e comunitária, em
ambiente livre da presença de pessoas dependentes de entorpecentes”. No momento
histórico em que nos encontramos, as configurações familiares são as mais
variadas, posto que há crianças morando com avós, tios, pais adotivos... ainda
que a maioria maciça, more com os próprios pais.
É
claro que a parceria entre escola e família, além de ser pela busca do sucesso
no processo de alfabetização é, sobretudo, pela busca de encontrar novas
trilhas para a formação de valores, uma vez que muitos destes vêm sendo
abalados pela sociedade das informações, das redes sociais, da tecnologia, da
ousadia, da criminalidade e do capitalismo. Assim, a parceria com a família é
para colaborar com a formação de valores morais dos sujeitos, como
consequência, favorecer a construção sistemática dos conteúdos, que continua
sendo uma das principais responsabilidades da escola.
Nesse
sentido, a escola precisa buscar a aproximação com as famílias, não só
convidando-os para reuniões de pais e mestres, mas oportunizando-os: a
participação na elaboração, avaliação e adequação do Projeto
Político-Pedagógico-PPP; participação na Associação de Pias e Mestres-APM,
sendo diretores e gerenciadores dos recursos recebidos pela escola;
Participação e autonomia no Colegiado Escolar; Participação de eventos e
comemorações escolares e outras. É claro que, casado com a democracia existente
na escola é preciso que os pais sejam atuantes, visto que não adianta a escola
propor a democracia em seu meio, e a família não se envolver com as situações
educacionais.
O
fato central é que a família é uma instituição social que varia dependendo do grupo
social inserido e, além de primeiro contexto de formação humana, é o principal
meio à educação dos sujeitos, cabendo à escola, sequenciar a construção dos
valores adquiridos em casa e sistematizar os conhecimentos necessários à vida
em sociedade. Assim, o sucesso e o fracasso escolar, perpassam pela eficiência
e precária parceria entre escola e família, respectivamente.
Empreende-se
que a família precisa transmitir à criança os valores e moldes culturais do
meio social em que está inserido. Já a escola, precisa garantir as condições básicas
para que todos os alunos desenvolvam suas capacidades e aprendam os conteúdos
necessários para a vida em sociedade, contribuindo assim, para a construção de
sujeitos críticos e participativos, capazes de transformar o meio em beneficio
próprio e em favor do bem coletivo. Todo esse anseio de formar cidadãos
críticos e participativos, sem a participação dos pais, seja orientando, disciplinando
e/ou acompanhando o andamento de seus filhos se torna um processo manco.
Finalizo,
afirmando: ‘a escola não alfabetiza sem a ajuda da família e nem a família
educa sem a ajuda da escola’. Logo, a união/parceria de ambas é indispensável
para a formação dos aprendizes. É claro que, as discussões acerca da
importância da participação da família para o sucesso escolar, não se esgotam.
Aqui elas iniciam.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Estatuto
da Criança e do Adolescente: Lei nº 8.069, de 13-7-1990. Disponível
em: <http://www.crianca.mppr.mp.br/arquivos/File/publi/caopca/eca_anotado_2013_6ed.pdf>. Acesso em 26 de janeiro de 2016 –
on-line.
________. Constituição
da República Federativa do Brasil. Disponível em: <http://www.imprensaoficial.com.br/PortalIO/download/pdf/Constituicoes_declaracao.pdf>. Acesso
em 26 de janeiro de 2016 – on-line.
REIS, Risolene
Pereira. Relação família e escola: uma
parceria que dá certo. In. Mundo Jovem, nº. 373. Fev. 2007, p.6.
[1] Docente da Rede Municipal de
Ensino de Monte Santo/BA (atualmente é Gestor Escolar), Graduado em Pedagogia
pela Faculdade do Sertão Baiano-FASB e Pós-Graduado em Alfabetização e
Letramento na FASB.
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